DEVERES E PRIVILÉGIOS NA IGREJA

 

 

DEVERES E PRIVILÉGIOS NA IGREJA

Texto Bíblico: 1Pe 2.9-16

 

 

 

Introdução: – Estamos vivendo um momento singular em nossa história, considerando-se os auspiciosos privilégios que estamos desfrutando. Porém, pela euforia reinante, nos esquecemos dos deveres. Aos nossos internautas, queremos nestas reflexões ajudá-los a continuarmos desfrutando dos importantes privilégios, sem nos descuidarmos dos deveres.   Em toda comunidade os cidadãos gozam de privilégios, diversões, contrabalançadas por deveres. Estes são normas de conduta a que estamos obrigados, para bem da coletividade. Privilégios são os benefícios que usufruímos a vida em comum. Exemplificando: numa cidade os habitantes têm de pagar impostos, obedecerem às leis, etc. São deveres; por outro lado, têm luz, ruas calçadas, as crianças têm escolas públicas, etc. São privilégios. A igreja é também uma comunidade e o crente nela goza de privilégios e tem deveres. O conhecimento pleno dos privilégios traz alegria, ânimo e gratidão. O conhecimento dos deveres traz consagração, dedicação. E compromisso de fidelidade aos deveres.

 

Pela Palavra de Deus, conhecemos os privilégios outorgados por Deus àqueles que se tornam membros de uma igreja local. Também convém que citemos alguns deveres que igualmente lhe são inerentes. Existem sérias responsabilidades a serem cumpridas quando nos unimos ao Corpo de Cristo. A disciplina e a estabilidade da igreja local dependem em grande parte de um comportamento exemplar de cada membro e do cumprimento integral de seus respectivos deveres a fim de ter um crescimento quantitativo e qualitativo.

Aos que são chefes de famílias, nunca nos esquecemos das obrigações do nosso lar. Levamos a sério nossas responsabilidades e procuramos atender as necessidades de casa com toda a presteza e o máximo de cuidado. Igual ou maior zelo deve merecer a igreja da qual nos tornamos membros. Ela é a continuação do nosso lar. Devemos prestigiá-la e honrá-la para que assim, ela possa continuar merecendo a posição e o apreço compatível com a sua condição de Corpo de Cristo.

I. NOSSOS PRIVILÉGIOS. – (1Pe 2.9,10).

Claro está que esta passagem não inclui todos os nossos privilégios, mas os que aqui estão registrados são gerais e compreendem todos os outros, que poderão ser encontrados por uma leitura cuidadosa do texto completo.

1. Somos o povo de Deus. – Êx 19.5; Dt 14.2; At 15.4; Hb 8.10. Nosso grande privilégio sermos o povo de Deus. Noutro tempo, nada éramos! Vivíamos perdidos em nossos pecados, mas, pela misericórdia de Deus fomos arrancados das trevas e hoje vivemos em sua luz, como povo, que reinará com Deus para todo sempre. (1) somos privilegiados como povo escolhido (Is 43.20,21); (2) somos feitos em sacerdócio real partilhamos do reino de Cristo (Ap 5.10); (3) constituímos em propriedade santa e exclusiva de Deus. A finalidade desta nova aliança com Deus é anunciar suas excelências, bm como seguir seus passos e seus exemplos (1Pe 2.21).  

2. Filhos de Deus. – 1 Jo 3.2; Rm 8.16,21. O apóstolo João nos diz que agora... somos filhos de Deus. Será que o nosso senso de avaliação está alcançando o grande privilégio que temos? Filhos de um pai, que sua existência é eterna. Não tem principio nem fim. Que privilégio! Glória a Deus.  

3. Súditos de Deus – É aquele que está submetido à vontade de outrem.

3. Amigos de Deus – Tg 2.23; Jo 15.14; Pv 18.24. A filiação nos transformou de inimigos irreconciliáveis em amigos. Estamos ligados a Deus por laços de amizades.

4. Cooperadores de Deus – 1Sm 14.45; Mc 16.20; 1Co 3.9. – Coopera; colabora; auxilia; ajuda, participa. Um Deus onipotente, coopera com nós, seres limitados, mortais.

5. Herdeiros de Deus. Co-herdeiros de Cristo – Rm 8.17. – Aquele que herda sucessor; aquele que sucede na totalidade da herança. O valioso patrimônio de Deus não existe expressão humana, que se esclareça na sua totalidade.

6. Embaixadores de Deus – 2Co 5.20. – A categoria mais alta de representante diplomático de um Estado junto de outro Estado ou de um organismo internacional. Título de ministro de primeira classe. Sugere a idéia de alguém enviado no lugar de seu senhor ou rei e autorizado com a sua autoridade. O Embaixador de Deus: (1) é um cidadão do Céu (Fp 3.21), enviado aos homens rebeldes; (2) no lugar do seu Rei, seu Senhor, Cristo, oferece as condições de paz no evangelho; (3) a honra e a glória do seu Senhor dependem de suas palavras e comportamento.

Desfrutamos da presença de Deus, esperamos a volta de Jesus, temos certeza de nossa ressurreição, seremos eternamente apascentados por Jesus, serviremos a Deus por toda eternidade, entraremos na posse dos tesouros incalculáveis guardados para nós, no céu. Nossos privilégios são maiores do que o ser alguém presidente de alguma república.

 

 

II. NOSSOS DEVERES. – (1Pe 2.11-16).

 

 

Ao lado dos privilégios estão sempre os deveres. O crente tem muitos deveres em sua vida, seja na comunhão da igreja, em seu convívio com os demais crentes, seja em relação aos pecadores, seja em sua vida secular, nos negócios, na política, etc.

 

1. Participar. – (Hb 10.25). – Fazer saber, anunciar, comunicar, tomar parte, etc. O membro da igreja local deve estar presente aos cultos, às reuniões regulares da igreja. Não se faz qualquer favor ao pastor quando se está presente ao culto. Pelo contrário, é uma falta séria quando se está ausente. Daví desejou morar na casa do Senhor todos os dias da sua vida, e pela importância da casa de Deus, assim ele se expressou: “Alegrei-me quando me disseram vamos a casa do Senhor”. (Sl 122.1).

  • Existem pessoas que são conhecidas como “domingueiras”, e outras que praticamente só vão à igreja em tempos festivos etc. Que seria da igreja se todos os seus membros assim procedessem?
  • Ao participar das reuniões, o membro da igreja está fortalecendo a fraternidade cristã, criando ambiente propício a uma comunhão plena e está estimulando o espírito de solidariedade que deve sempre existir no reino de Deus.

2. Colaborar. – Trabalhar na mesma obra, cooperar, prestar colaboração, ajudar a fazer alguma coisa, etc. – Cada crente deve colaborar para o crescimento e expansão da igreja. Nunca deve haver uma elite na igreja, um grupo de ricos ou políticos, ou até mesmo de parentes da liderança, também crentes que participaram da fundação da igreja, que exerçam um comando unilateral no rebanho. O pastor, ao administrar a igreja, deve buscar o consenso através da participação e da colaboração de todos. Observe bem – De todos!

  • O crente colabora quando canta, quando prega, quando evangeliza, quando ora, quando entrega o dízimo, quando traz sua oferta, quando visita, quando acompanha caravanas, quando integra comissões, quando atua, enfim, de alguma maneira.
  • O crente não deve jamais levar uma vida ociosa na igreja. Os membros, juntando suas forças, boa vontade e disposição, poderão fazer com que a sua igreja projete-se diante da comunidade e de Deus. E existe uma necessidade urgentíssima de uma mobilização de todos os membros de nossas igrejas. Não é o momento de se pensar em descansar!
  • Muitos pensam que por não pertencerem ao ministério, o seu trabalho pouco ou nada vai representar, e por isso optam pelo retraimento, pela ociosidade. Entretanto a Bíblia nos mostra que todos somos membros do Corpo de Cristo – a Igreja. Por esta razão qualquer ação de seus componentes, seja ela positiva ou negativa, irá repercutir na vida da igreja local e, por que não dizer, da Igreja Universal, a Noiva do Cordeiro, que é composta por membros de todas as igrejas locais. Que maravilhoso dever, e o maior ainda é ter a convicção que os que desempenharem bem, será recompensado. Atentamente leiamos 1Co 12. 15,16,20,21.
  • Satanás procura sempre enganar o crente com a idéia de que este é fraquinho, sem posição na igreja, e que o melhor a fazer é omitir-se deixando todas as atividades a cargo do ministério. (Fp 4.13). A nossa força vem de Deus. É necessário colocar em prática as nossas aptidões de forma decisiva na igreja, e só assim poderemos vê-la pujante, dinâmica e gloriosa. Todos nós recebemos talentos. Uns podem até receber somente um. Não existem desculpas. Deixo com a ajuda do Espírito Santo, esta palavra de advertência ao povo de Deus. Ele não aceitará desculpas!

3. Anunciar as virtudes. – (v.9). Fomos salvos resgatados, comprados, feitos servos de Jesus, e recebemos imediatamente a incumbência de anunciar ao mundo inteiro quem é Jesus, quais seus sentimentos, seus propósitos, seu poder, e sua obra maravilhosa. Pregar o Evangelho, falar de Jesus e cooperar com a sua nobre causa é o grande dever dos crentes.

 

4. Contribuir. – É imprescindível a participação do crente no setor financeiro da igreja. Deus instituiu o método mais justo de contribuição que se conhece no mundo: o dízimo.

O dízimo nivela todos os membros da igreja. O dízimo do pobre é tão dízimo quanto o do rico. O dízimo deve ser entregue a igreja da qual a pessoa é membro. Não é correto entregar o dízimo a organizações religiosas de assistência social ou a pessoas necessitadas, ou a missionários amigos, etc. O dízimo deve ser levado à casa do tesouro (Ml 3.10). O dízimo deve ser dado de tudo, e não apenas do saldo, da sobra.

  • O dízimo não foi instituído pela lei de Moisés, pois vem desde o patriarca Abraão, nosso pai na fé (Gn 14.20; Hb 7.6). O dízimo não é uma oferta, é a décima parte da nossa renda (1Sm 8.15,17).
  • Uma outra maneira de contribuirmos é através de ofertas voluntárias ou alçadas, uma prática que vem desde os dias primitivos e continua na igreja hoje. O crente, sem nenhum favor, tem sobre os seus ombros a grande responsabilidade da manutenção da igreja. Ela para subsistir precisa tanto do apoio espiritual e moral de seus membros, quanto do financeiro, a fim de cumprir fielmente as suas obrigações na sociedade em que está engajada. E a obra missionária. Dependemos de recursos, para o sustento das vidas que deixam famílias, igrejas, pátrias.
  • Agora somos propriedades de Deus e por esta razão tudo o que temos ou somos pertence a Ele. Todos os bens que nos chegam às mãos devem ser transformados em bênçãos na nossa vida. E isto só pode ser alcançado, através de uma fiel mordomia de nossa parte.

5. Testemunhar de Cristo. – (At 1.8). – O batismo com o Espírito Santo é dado a Igreja de Cristo para que ela se sinta capacitada a dar um testemunho vigoroso, convincente e frutífero de Cristo ao mundo. Temos sido salvos para servir e o principal serviço é o nosso testemunho.

  • Devemos dar testemunho porque somos testemunhas (At 1.8).
  • Devemos dar testemunho com grande poder (At 4.33). Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem (At 5.32). Como Paulo, devemos ser testemunhas a todos os homens (At 22.15).
  • Testemunhando de Cristo, ganharemos almas. Ganhando almas, a igreja crescerá. Crescendo a igreja, apressaremos a vinda do Senhor Jesus. Cada crente deve colocar em prática as suas potencialidades, falando de Jesus àqueles que ainda não o conhecem.
  • O desejo de testemunhar de Cristo não deve esfriar-se no coração do servo de Deus sob pena de prejudicar sobremaneira o maior dos objetivos cristãos – a salvação dos homens.
  • Aquela chama ardente que inunda o coração do crente ao tomar consciência do alto valor da salvação, e deve levá-lo a anunciar mais e mais o Evangelho, oferecendo de graça o que de graça também recebeu (Mt 10.8).

6. Ter uma vida honesta. – (1Pe 2.12). – É pela santidade e pelo viver honesto que os homens pecadores são atraídos ao evangelho e glorificam a Deus. A santificação do crente, conforme nos esclarece a Palavra de Deus tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.

  • Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não de separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais: a diferença só foi notada com a chegada do noivo.

7. Obediência às autoridades e o respeito às leis. – A autoridade provém de Deus com a finalidade de garantir a ordem para que haja bem estar e prosperidade. O crente que anuncia o evangelho, busca a santidade, vive honestamente em todas as suas relações com terceiros e é cidadão ordeiro, acatador das autoridades, torna-se poderoso, e assim consegue tapar a boca dos homens insensatos que falam mal do evangelho (1Pe 2.15). Fazer bem nesse versículo, é o resumo dos deveres aqui estudado. O crente é livre, porquanto foi libertado por Deus, mas assim mesmo deve obediência e tem deveres a cumprir. Sua liberdade é espiritual, e não carnal. Precisamos viver como servos de Deus e que os homens nos identifiquem como tais.

 

CONCLUSÃO:

 

1. Nossos privilégios são muitos. Desfrutamos de uma verdadeira e não falsas alegrias e temos conhecimentos de fatos que outros não têm. Alcançamos a “pérola de grande preço” da parábola de Jesus, que é sermos membros do seu Reino e participarmos da sua comunhão. Não devemos guardar esse privilégio exclusivamente para nós. Nossa paixão pelas almas nos deve impulsionar a anunciarmos a todos que tais privilégios estão ao alcance de toda alma que aceitar a Jesus como Salvador.

 

2. Quem é privilegiado deve ser agradecido. Tudo o que temos e tudo o que somos, devemos exclusivamente a graça de Deus, que, pela sua misericórdia nos chamou das trevas para a luz. Precisamos ser agradecidos a Deus por isto. Gratidão não se expressa em palavras, mas na vida: em serviço em testemunho.

 

3. Privilégios trazem alegria. O crente que tem noção dos privilégios, que se sente feliz por ser membro da família de Deus deve irradiar alegria contagiante.

 

4. Nossos deveres são muitos, como embaixadores de Cristo que somos. É verdade que nossa carne é fraca, mas também é verdade que Jesus, que tem todo o poder no céu e na terra nos prometeu estar conosco todos os dias. É por meio do seu poder, que conseguiremos cumprir todos os nossos deveres, vivendo uma vida de testemunho, de santidade, de honestidade; e de obediência. Precisamos buscar esse poder em oração.

 

5. Ser luz do mundo é viver como servo de Deus, refletindo, no que dizemos e fazemos as virtudes que Deus nos comunicou como seus filhos. (Mt 5.14). Disse Jesus: “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo 9.5). Quando Jesus falou que os seus seguidores são luzes do mundo, Ele estava falando-lhes que deveria ser como Ele mesmo, nem mais nem menos. A exigência de Jesus não é que cada cristão venha produzir sua própria luz. Devemos brilhar como reflexo de sua luz. Como temos vivido até aqui? Testemunhamos? Vivemos em santidade? Vivemos honestamente? Temos sido cidadãos obedientes, ordeiros, pacíficos e laboriosos?

 

 

Pr. Adilson Faria Soares.